quinta-feira, 17 de setembro de 2015

os fans e os haters e o arrepio na espinha

Não gosto de fans, não gosto de haters. Verdade.
Não me lembro de ter sido fan de nada. (Para quem não sabe, fan vem de fanático)
Também nunca fui hater. É que nem os haters eu consigo odiar. Não está nos meus genes e muito menos na minha educação.
Há uns anos o meu afilhado, criança de uns 4, 5 anos, disse que era bom estar na minha casa porque "aqui vocês nunca gritam" - por nenhum motivo. Talvez por isso os gritos me deixam aflita.

Não vou falar novamente daqueles (principalmente homens) que se revelaram haters da melhor estirpe contra os refugiados. Também não vou falar dos fans que encontram desculpas para tudo. Vou falar de mim- nem fan nem hater.

Eu falo do arrepio na espinha. E o arrepio vem de cada vez que vejo uma foto, uma reportagem, uma notícia. Bem informada e refletida há coisas que me apetece deixar escritas.
1. a culpa maior é da guerra e da instabilidade geral dos países africanos e do médio oriente
2. a principal causa de muita desta confusão é a falta de organização e aí a UNHCR, a UE e os "países-porta" têm a maior culpa
3. nem todos são bons, nem todos são pessoas que quisessemos como vizinhos mas a culpa é da falta de organização e de triagem que os deixa à vontade para atirarem pedras.
4. a pressão do grupo leva pessoas pacíficas a atos impensados - manter os refugiados acumulados aos milhares a desesperar vai resultar apenas em confrontos cada vez mais graves.
5. atirar pedras à polícia é um ato natural para muitos deles (há lá muitos jovens palestinianos que foram educados na escola da intifadah) mas isso não lhes serve de justificação, e apenas dá munição aos haters.
6. há lá no meio pessoas que só aproveitaram a onda - uma rapariga, serenamente sentada à sombra, dizia aos jornalistas que não era pior do que a faixa de Gaza (o que são pedras, canhões de água e gás lacrimogéneo para quem estava habituado a rockets e metralhadoras?) e tinha resolvido sair da Turquia onde vivia para tentar a sorte na Alemanha.
7. continuo a arrepiar-me com o número de crianças pequenas no meio de tudo aquilo - um bebé num ovo a meia dúzia de metros de canhões de água e gás põe-me doida
8. uma mãe que diz que volta para a Síria desde que lhe salvem a filha parte-me o coração - eu criava a menina dela com todo o amor mesmo para lha devolver daqui a uns anos (onde raio andam a UNICEF a Save the Children e outras que tais?)
9. há bandeiras do estado islâmico entre os refugiados que estão a dar problemas na Alemanha - o primeiro erro foi deixá-los concentrar-se aos milhares sem a devida organização - aí não há bondade que aguente - quem dá problemas depois  de ter sido acolhido com humanidade deve ser posto num avião de volta ao país dele (um convidado que se porte mal na minha casa é posto na rua)
10. last but not least - comunicação - quando ninguém se entende em língua nenhuma, não há orientações específicas e ninguém percebe o que se passa, dá asneira! Que tal uns folhetos em árabe a explicar o que devem fazer e como e onde se devem dirigir para pedir para serem acolhidos? Será que é tão complicado distribuir orientações claras, por lá uma dúzia de contentores com uma mesa e um computador, umas baias e registar todas as famílias com nome, origem, data de nascimento, local de destinho, e dividir a "mob" em grupos mais fáceis de gerir? Dando-lhes alternativas, podíamos pedir-lhes calma e paciência e então excluir os arruaceiros de serviço.

E volto sempre ao mesmo, ou eu sou um génio, ou há muita gente estúpida por aí.

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